A previsão era concluir a Casa Abrigo no segundo semestre de 2009, mas a estrutura está abandonada
A CASA ABRIGO está praticamente sem o telhado, foi destruída por vândalos e o madeiramento foi cerrado. Internamente teve materiais como pias e portas destruídas ou furtadas
Juazeiro do Norte. Um total estado de abandono para o que seria uma das conquistas contra a violência às mulheres e para o maior amparo às vítimas e suas famílias, numa das regiões de maior incidência de casos no Estado. A Casa Abrigo Beata Maria de Araújo não chegou sequer a ser inaugurada. Parcialmente construída, por volta de 2005, agora se encontra sem o telhado. O madeiramento foi furtado e as telhas atiradas ao chão e quebradas pelos vândalos.
Há um ano se encontra sem vigilante e os vizinhos temem até passar pelo prédio abandonado, no Bairro Frei Damião. Portas e janelas destruídas. Banheiros totalmente quebrados, pias e torneiras e até as fiações da casa foram arrancadas. Um descalabro total. O local serve de abrigo para desocupados.
Há cerca de um ano, a reportagem do Diário do Nordeste chamava a atenção para a destruição do empreendimento público e nada foi feito no local.
Ao contrário, a situação piorou e, aos poucos, a Casa Abrigo vai deixando de existir com o desmonte e o abandono. Uma cerca de arame e um portão de ferro acabaram facilitando a entrada de desocupados. Não existe portão de entrada na casa, que foi quebrado e furtado.
Promessa
Ano passado, a então secretária de Assistência Social do Município, Vanda Rozendo, afirmou, na época, que, em breve, a casa poderia receber melhorias e a finalização, com a construção do muro e compra de equipamentos, além do mobiliário. Até o momento, a atual secretária, Solange Cruz, afirma que a situação ainda continua no mesmo patamar e não se tem notícia de investimento no local.
O equipamento complementaria a rede de atendimento às mulheres vítimas de violência em Juazeiro, que já possui Delegacia de Defesa da Mulher e Juizado Especial. O projeto de recuperação seria de R$ 253 mil. A pretensão era entregar a casa no segundo semestre do ano passado.
Construída para abrigar cerca de 40 mulheres, a Casa Abrigo Beata Maria de Araújo irá funcionar num dos bairros da periferia do Município. Irá atender os casos de alta complexidade, em que mulheres vítimas de espancamentos ou em situação de alto risco, no caso de estar sob ameaça do companheiro, possam ser resguardadas com total segurança.
De 2001 a 2003 várias mulheres foram mortas por assassinato na região, com instalação até de um escritório denominado do crime, em Juazeiro. Os casos ganharam repercussão internacional e as reivindicações por segurança e justiça para os casos foram constantes.
Vieram os equipamentos, incluindo uma delegacia em Crato e outra em Juazeiro. A Vara da Violência Doméstica foi instalada há pouco mais de dois anos no Município, para atender as demandas de Juazeiro, e hoje atende as cidades de Crato e Barbalha. Se cogitou até o atendimento de mulheres nas três principais cidades da região, que respondem pelo maior número de casos no Cariri, se houvesse a contrapartida das administrações municipais para a manutenção da casa.
Furtos
A dona de casa, Teresinha Batista, mora quase de frente à Casa Abrigo. Segundo ela, os furtos acontecem mais pela madrugada e desde que o local ficou sem vigilante, as pessoas temem a entrada de marginais. Frequentemente entram casais no local, conforme a moradora.
"Quando tinha vigia, ninguém mexia. Depois que tiraram, começaram levando a caixa d´água e depois as pias", diz.
A delegada da Delegacia da Mulher de Juazeiro do Norte, Marluce Andrade, afirma que a Casa Abrigo é muito pequena e não teria como suportar a demanda dos três municípios, até porque, segundo ela, deduz-se que seja um local amplo e que favoreça a condição de abrigar a mulher e a sua família.
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Assistência Social de Juazeiro, Rua Monsenhor Esmeraldo, 303, Bairro Franciscanos
(88) 3572.3900
Elizângela Santos
Repórter do Diário do Nordeste
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